11 de ago. de 2008

Bocas Lacradas - trabalho selecionado para IX Bienal do Reconcavo - São félix



Esse ato se repete o tempo todo, no trabalho, com a família, na faculdade, com os amigos, não importa, estamos cada vez mais nos calando, ficando de boca lacrada, engolindo os sentimentos, emoções e medos. Normalmente, só abrimos quando alguém nos dar a permissão para tal, tendo muitas vezes, o cuidado com o quê e para quem vai falar.

A livre expressão está se perdendo em um momento da vida em que as relações são baseadas pelo que se tem e não pelo quê se é.

Bocas Lacradas é a representação desse momento onde ocultamos o nosso verdadeiro ser, por vezes ocultadas pelas máscaras cotidianas que usamos, para se adequar a uma sociedade individualista.

Esse trabalho é composto por nove sacos de tecido tipo lona com tamanho individual de 20X25cm. Cada saco possui uma boca com um zíper onde os observadores podem abri-la e verificar o que tem dentro, trazendo em sua parte externa uma palavra que representa determinados momentos da nossa vida e que formam uma frase:
“Medo de percorrer o caminho de doces desejos, mas de amargas lembranças e salgados momentos de felicidade.”

A relação do visitante em interagir com a obra representa que sempre terá alguém para abrir a boca do outro e deixar os sentimentos, emoções, desejos presos na garganta saírem como terá sempre alguém que lacre a boca engolindo os medos, desejos, felicidades, momentos,... .

Um trabalho que representa uma busca comigo mesma, onde tento aprender a calar-me e a entender esse mundo louco de pessoas individualistas e preconceituosas onde fingir é melhor do que dizer a verdade e as máscaras já faz parte do guarda-roupa de todos.

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